Para dar apoio a seus funcionários na linha de frente do combate à covid-19, empresas do setor de saúde tiveram que ir muito além da já tradicional distribuição de máscaras e álcool gel. Forçados pelo avanço rápido e duradouro da pandemia, gestores de RH tiveram que implementar medidas inéditas, que vão desde auxílio-babá até hotel gratuito para isolamento familiar.
“Apesar da área da saúde ser naturalmente orientada para situações emergenciais, nada nos preparou para essa realidade”, avalia Maria Alice Rocha, diretora-executiva de pessoas e experiência do cliente da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP).
Para tornar a situação ainda mais complexa, esse segmento naturalmente possui uma parcela menor de cargos adequados ao home office: apenas 23,8%, segundo a pesquisa Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19, publicada recentemente pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Comparativamente, nas indústrias esse valor é de 34% e no setor de comércio e serviços chega a 64,3%. Ainda segundo a pesquisa, apenas 19,3% dos funcionários do ramo hospitalar de fato passaram a trabalhar de casa.
Beneficência Portuguesa aluga containers para ampliar vestiários
Nas 1.350 lojas do grupo DPSP, formado pelas redes Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, foi preciso implementar, em menos de dez dias, mais de 50 medidas de segurança. “Fomos uma das primeiras a introduzir máscaras, protetor facial de acrílico e totens de higienização para funcionários”, explica Danilo Sesma, médico coordenador de saúde e segurança do trabalho. “Até nossas maçanetas foram trocadas, para evitar o contato com as mãos. Foi uma ideia relativamente simples, mas que proporcionou uma enorme proteção”.
A Beneficência Portuguesa, em São Paulo, se preocupou com a circulação também fora da empresa. “Alguns colaboradores uniformizados relataram que estavam sendo hostilizados no transporte público”, conta Rocha. A solução foi alugar containers adaptados para servir de vestiários, permitindo que um número maior de pessoas pudesse trocar de roupa sem violar o distanciamento necessário.
Na Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em São Paulo, alguns profissionais sequer voltam para casa. Quem mora com familiares pertencentes ao grupo de risco ganhou estadia gratuita em um hotel, inteiramente reservado pela empresa, no bairro do Morumbi. “Também para reduzir riscos, implementamos um pequeno supermercado, no próprio hospital, e temos enviado cestas de alimentos e higiene para a casa de quem contraiu o vírus”, conta Miriam Branco, diretora-executiva de recursos humanos.
Os longos plantões e as convocações emergenciais também provocaram problemas de ordem prática. Por exemplo: com quem deixar as crianças? A BP passou a oferecer o Auxílio-Babá Extraordinário, para quem tem filhos de até 12 anos. Já o Einstein firmou uma parceria com uma escola, também no Morumbi, onde crianças de até 14 anos fazem refeições e se ocupam com atividades ao longo do dia, gratuitamente. A escola segue protocolos de segurança de higienização e distanciamento social.
Serviços de apoio psicológico estão em alta
Garantir a segurança física, porém, é só parte do desafio: a luta contra a covid-19 tem gerado uma enorme sobrecarga mental que, segundo a Organização Mundial da Saúde, pode resultar em síndrome de burnout e depressão.
Os RHs estão atentos. Segundo a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19, as empresas do setor hospitalar foram as que mais desenvolveram ações de suporte psicológico. A adesão foi de 100%, em comparação com 73% do setor de comércio e serviços e 72% do setor industrial.
Muitas passaram a monitorar a saúde mental da equipe (46%), oferecendo terapia com psicólogos da própria companhia (69%) ou com profissionais terceirizados (15%). A Bayer, em São Paulo, criou o programa Conte Comigo. Segundo Daniela Bortman, head de medicina ocupacional, a taxa de utilização do serviço deu um salto: foi de 7% em março para 12% em abril.
O Einstein implementou uma iniciativa similar, o Ouvid. “O objetivo era ouvi-los em grupos, junto com psicólogos e psiquiatras, para entender suas preocupações”, conta Branco. Além de gerar informações úteis para orientar ações da empresa, a conversa também funciona como uma válvula de escape. “É impressionante ver como eles saem mais confiantes do processo”, completa.
Fonte: https://economia.uol.com.br
Postado por: https://aquitemtrabalho.com.br
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